Cadeiras | Cadeira 38

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Cadeira 38
Fundador: Reynaldo Jesus Garcia Filho
Patrono Samoel Atlas

1925-2006 Nasceu na cidade de São Paulo, no bairro do Brás, em dezembro de 1925. Era filho de George Mitchel Atlas e de Salwa Salama Atlas, jornalistas oriundos da Síria. Sua mãe tornou-se uma importante mulher árabe que revolucionou a comunicação na imigração; reivindicou a independência da Síria em suas notáveis publicações, além de escrever belos poemas. Um deles era muito especial para Samoel Atlas. Realizou seus primeiros estudos no Grupo Escolar Romão Puigari. Em sua infância conviveu com imigrantes italianos que muito o estimularam no estudo de diversas línguas. Completou o curso secundário no Colégio Paulistano em 1945 e ingressou na Escola Paulista de Medina em 1947, graduando-se em 1953. Seu prestígio com a diretoria da EPM e com o Ministério da Educação era extraordinário, a ponto de conseguir instalar na EPM uma agencia do Banco do Brasil, o que facilitava a atividade financeira dos docentes e estudantes. Ademais, foi ele quem batizou o salão de barbeiro como Al Fígaro. Quando estudante imitava com perfeição os professores, principalmente Jairo Ramos, José Maria de Freitas. Casou-se com Elza Maria Orfali Atlas com quem teve dois filhos: Carlos Daniel Atlas e George Miguel Atlas Neto. Após sua formatura especializou-se em Ortopedia, estagiando no Pavilhão Fernandinho Simonsen da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, do qual, após 13 anos, tornou-se Chefe. Optou pela carreira universitária, tornando-se assistente da EPM. Após concursos obteve o título de Doutor e, por defesa de tese, a condição de Docente-Livre e Titular de Ortopedia e Traumatologia da EPM. Fez viagens de aprimoramento e pesquisas no exterior. Esteve em 1960 na Universidade de Cornell, em Nova Iorque (EUA), bem como na Universidade Mac Gill em Toronto (Canadá). Em 1963, por concessão do Conselho Britânico, estagiou no Nuffield Institute of Orthopaedics da Universidade de Oxford, chefiado pelo renomado professor Joseph Trueta Raspal, onde tiveram inicio suas pesquisas sobre pé torto congênito e, em Londres, entre 1963 e 1964, no Royal National Orthopaedic Hospital, no serviço do professor Herbert Seddon. Entre suas atividades médicas, pesquisou sobre a vascularização dos ossos em embriões e fetos humanos. Publicou inúmeros trabalhos e participou de diversos congressos nacionais e internacionais, tendo representado o Brasil no exterior. Em 1972, em visita à Síria e ao Líbano, apresentou seus trabalhos na Universidade Americana de Beirute (Líbano), após ter participado do Congresso Internacional de Ortopedia realizado em Tel-Aviv (Israel), onde presidiu a sessão sobre pé torto congênito. Nesse evento, seu trabalho foi considerado a mais importante contribuição à pesquisa referente a essa patologia. Participou também do Congresso Internacional de Ortopedia realizado em Kyoto (Japão), quando apresentou três trabalhos de pesquisa, sendo um deles em japonês. Samoel Atlas, outrossim, dedicou-se a instituições humanitárias como o Lar Escola São Francisco, Instituto de Reabilitação e Fisioterapia ligado à Unifesp, sendo seu diretor de 1993 a 1995; e a APAE – Associação dos Pais de Amigos dos Excepcionais de São Paulo. Apresentou diversas publicações literárias, particularmente de cunho histórico e filológico. Proferiu inúmeras conferências e palestras sobre variados temas, destacando-se particularmente sobre a história da Mesopotâmia; origem da escrita e da gramática, assim como religiões e crenças. Ingressou na Academia de Medicina de São Paulo em 1978, tornando-se Membro Emérito. Ingressou também, em 1990 na Academia Cristã de Letras. Samoel Atlas dedicou grande parte de sua vida ao aprendizado de suas origens e, posteriormente, sem recompensa, ao ensino de tudo o que aprendera. Tornou-se um dos mais diletos filhos da comunidade árabe no Brasil. Fazendo jus ao seu sobrenome, foi reconhecido pela sua dedicação e pela sua prodigiosa inteligência. Seu curriculum vitae compreendia 3 volumes, totalizando 800 páginas. Era poliglota e falava nada menos do que dez idiomas, dominando sobremodo o árabe, inglês, francês, espanhol, italiano, alemão e o japonês. Falava razoavelmente o russo, húngaro e o gaulês, além de algumas sentenças em chinês. Deliciava-se ao imitar o modo de falar português dos sírio-libaneses, italianos e húngaros. Samoel Atlas destacou-se como médico, pesquisador, historiador, filólogo e filantropo. Faleceu na cidade de São Paulo aos 80 anos, em 2006.