1905 – 1988 Nasceu na cidade de ltaocara, no Estado do Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1905. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro em dezembro de 1927, sendo o primeiro a receber o prêmio Berchon Dezessartz, conferido ao primeiro aluno da turma. Durante o tempo de estudante, trabalhou como auxiliar técnico de Anatomia Humana e como interno de cirurgia do Hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Ao mesmo tem- po, trabalhou como cirurgião da Assistência Municipal. Em 1935, Alberto Borgerth recrutou um grupo de cirurgiões jovens, voltados para a Ortopedia, para formar o corpo clínico do Serviço de Ortopedia e Cirurgia Infantil do Hospital Jesus, que foi inaugurado em 30 de julho daquele ano. Dentre esses cirurgiões estava Osvaldo Campos que fez do Hospital Je- sus o seu segundo lar e ao qual dedicou toda sua vida. Em janei- ro de 1937, convidado por Fred Albee, que estivera anterior- mente no Brasil, Osvaldo Campos vai para os Estados Unidos trabalhar com Albee nas suas clínicas de New York e Venice, na Flórida. Ainda nos Estados Unidos, trabalhou com John Royal Moore no Shriners’ Hospital for Crippled Children de Philadel- phia e ainda com Leo Mayer no Hospital for Joint Diseases de New York. De volta ao Brasil, transformou o Hospital Jesus numa escola de Ortopedia Infantil que deu muitos frutos. No Hospital Jesus, duas patologias predominavam: a poliomielite anterior aguda e suas seqüelas e a tuberculose osteoarticular, num período em que não havia prevenção nem tratamento para ambas. A paralisia infantil grassava no Brasil de forma epidêmica. Osvaldo Campos lutou pela internação centralizada dos casos de polio agudo no Hospital Jesus. Conseguiu vencer os obstáculos e, em 1953, ano de grande incidência da doença, foi instalado o Centro de Internações de Poliomielite Aguda, que funcionou até que se conseguiu o controle da doença com a vacina. De 1953 a 1961 , foram internados 2.400 casos sem que houvesse qualquer caso de infecção cruzada. O programa de tratamento das seqüelas caminhava junto com o tratamento dos casos agudos e o Hospital tornou-se um centro de formação de pessoal especializado. Técnicas novas foram in- troduzidas e o tratamento das seqüelas teve grande avanço. Conhecedor do problema e amigo de Basil O’Connor, coordenador das campanhas mundiais contra a poliomielite, Osvaldo Campos teve trabalho relevante como representante do Brasil nas Conferências de Poliomielite. Em contato com Salk, introduziu a vacina no Brasil e, mais tarde, fez o mesmo com a vacina Sabin, de quem se tornou grande amigo, até seus últimos dias. Os doentes de tuberculose osteoarticular se consumiam com fistulas e infecção secundária, sem tratamento específico. Osvaldo Campos foi pioneiro no Brasil do tratamento cirúrgico da tuberculose osteoarticular, começando pela artrodese de coluna, que lhe era familiar desde o tempo em que trabalhou com Albee . Em 1955, publicou no Journal of Bone and Joint Surgery um trabalho sobre o estudo de 1.000 prontuários de doentes de tuberculose osteoarticular. Preocupado com o problema da reabilitação do incapacitado, ajudou a fundar a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação, da qual foi diretor e presidente e à qual dedicou a maior parte do seu tempo nos últimos anos. Osvaldo Campos voltou regularmente aos Estados Unidos, onde procurava ver os avanços da especialidade. Amigo da maioria dos ortopedistas americanos de sua época, era membro honorário da American Orthopedic Association. Foi membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, da qual foi presidente em 1953, quando presidiu no Rio de Janeiro congresso conjunto com a Sociedade Latino-Americana de Ortopedia e Traumatologia, que se constituiu num marco dos congressos de Ortopedia no Brasil. Membro de várias sociedades especializadas, sempre se dedicou em difundir nos congressos no Brasil e no exterior o que era feito no Hospital Jesus pelo grupo de ortopedistas de inestimável valor que lá trabalhava. Tinha como hobby a fotografia e a cinematografia voltadas para a Ortopedia; na verdade, seu hobby era a Ortopedia, que relutou em deixar de exercer enquanto teve forças. Osvaldo Pinheiro Campos morreu em sua casa no Rio de Janeiro na noite de 4 de 1988, com 82 anos de idade. Perdeu a Ortopedia brasileira um dos seus pioneiros. Osvaldo Campos fazia parte de um grupo que implantou no Brasil a Ortopedia moderna e teve papel preponderante no seu desenvolvimento. Otimismo, confiança e persistência foram os traços marcantes de sua vida