Cadeiras | Cadeira 25

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Cadeira 25
Fundador: Marcelo Tomanik Mercadante
Patrono Roberto Attílio Lima Santin

(1938 – 2020) Roberto Attilio Lima Santin nasceu na cidade de Bebedouro no interior de São Paulo em 1938. Cursou Medicina no Campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo formando-se em 1965. No ano seguinte iniciou no Pavilhão Fernandinho da Santa Casa de São Paulo sua formação como Ortopedista, e logo mostrou grande interesse pela cirurgia ortopédica, em especial pela cirurgia do pé. Completou a especialidade em 1969. Nessa ocasião assumiu a chefia do Grupo de Cirurgia do Pé da Santa Casa de São Paulo, função que exerceu durante três décadas. Cirurgião talentoso, e possuidor de inquietude científica, praticava a Ortopedia plenamente. No ano de 1985 defendeu sua tese obtendo o título de Doutorado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. A tese discorreu sobre “O tratamento cirúrgico das fraturas complexas do acetábulo”, técnica em que foi precursor no Brasil em conjunto com o amigo Élio Consentino. Esses procedimentos não eram praticados no Brasil, em especial o tratamento das fraturas que envolviam a redução da cavidade acetabular abordando-a por mais do que uma via cirúrgica. A curiosidade científica volta a motivar a inquietude do cirurgião Roberto Santin que, com um grupo colegas estudam as possibilidades para aplicação do método de Ilizarov a partir de 1986. Esse grupo constitui o embrião da reconstrução óssea no Brasil sendo formado por Walter Targa, Renato Slonka, Marcelo Mercadante, José Carlos Bongiovanni, Roberto Guarniero, Roberto Catena entre outros. A divulgação dos primeiros procedimentos com a técnica determinou intensa reação na comunidade ortopédica brasileira, que não tinha tido, como todo o hemisfério ocidental, acesso às possibilidade da técnica soviética, até então desconhecida. Na situação de “decano” entre os entusiastas da técnica, usa de suas habilidades características: a gentileza, a maneira polida no trato e capacidade infinita de ouvir sempre atentamente ao outro. Pacientemente foi possível desfazer as arrestas e mal entendidos que surgiram como reação ao novo método ainda desconhecido. O esforço coletivo por ele capitaneado resultou na união dos diversos departamentos e serviços das Escolas de Medicina em um Comitê na Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Condizente com sua postura no decorrer da criação ASAMI – Fixadores Externos e fez questão de não ser o primeiro Presidente. Como Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo orientou diversos mestrados e doutorados. Como orientador na vida acadêmica, produziu grande quantidade de trabalhos científicos e capítulos de livros. O seu Currículo mostra que dedicava especial atenção à divulgação do conhecimento por meio do contato pessoal, cursos, jornadas, eventos regionais e congressos. A divulgação do conhecimento na época e em nosso meio, era feita predominantemente presencial pois as publicações impressas eram limitadas e custosas. A atividade docente exerceu predominantemente na faculdade em que se formou, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, no Departamento de Ortopedia e Traumatologia ocupando o cargo de Professor Adjunto. Na residência médica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo foi Chefe de Clínica Adjunto por mais de quarenta anos. Foi ainda o coordenador do Curso de Pós Graduação da Universidade Metropolitana de Santos, e Professor Titular do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí. O Professor Santin teve intensa participação nas atividades associativas: Presidiu a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), a Associação Paulista de Ortopedia e Traumatologia (SBOT-SP) –Departamento da Associação Paulista de Medicina (APM), a Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico e a Sociedade Brasileira de Alongamento e Reconstrução Óssea (ASAMI). Foi membro das Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia do Pé, da Sociedade Latino-americana de Ortopedia e Traumatologia, da Sociedade Venezuelana de Cirurgia Ortopédica e Traumatologia e da American Academy of Orthopaedic Surgeons. A ampla e duradoura permanência na atividade profissional liberal, fez com que fosse conduzido por seus pares ao cargo – que ocupou por anos – de Diretor Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz em São Paulo. Foi casado por duas vezes, a primeira com Maria Aparecida Pessoa Santin em abril de 1967 com quem teve os filhos Fernando, Roberta, Renata e Fulvio. Viúvo precocemente, casou pela segunda vez com Regina Maria Pereira Santin tendo os filhos Lorena e Leonardo. Ao falecer em 13 de junho de 2020 tinha dez netos. Abria a porta de sua casa fosse para orientar a apresentação de trabalhos científicos, fosse para ajudar na busca em sua biblioteca por soluções para os casos mais complexos. Generoso, estimulava-nos a andar com as próprias pernas; estava por perto o suficiente para participar, sem sufocar. Dividia conosco, prazerosamente, a alegria do convívio com a numerosa família. Nas viagens, sempre animado, sabia aproveitar a vida. Quando julguei que o texto representaria ao Professor Santin, enviei aos filhos para deles ouvir as opiniões. Foram unanimes em afirmar que faltou mencionar um dos maiores prazeres do pai: O Palmeiras!!! A pergunta seguinte foi se era possível encaixar a paixão futebolística do amigo. Considerei o gosto dos acadêmicos paulistas, será aplaudido!