Cadeiras | Cadeira 29

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Cadeira 29
Fundador: Cláudio Santili
Patrono Orlando Pinto de Souza

(1907-1982) Nasceu no dia 4/01/1907 na cidade de São Paulo, foi o terceiro filho de uma prole de 9 irmãos: Ulpiano, Dinorah, Odette, Elsa, Edgard que foi também ortopedista, Mário, Edith e Roberto. Seu pai José Ulpiano Pinto de Souza era advogado e professor formado na faculdade de direito São Francisco da USP e casou-se com Elsa von Sydow Pinto de Souza. Orlando se casou com Virgínia e dessa união nasceu uma única filha, Paula Maria que veio a se casar com Luiz Antônio Nogueira e tiveram dois filhos, Orlando e André. Viveram por muito tempo na rua Marquês de Itu, justo atrás do prédio do Pavilhão Fernandinho, onde era também seu consultório. Graduado na 12ª turma pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo atualmente, FMUSP, no ano de 1929. Pouco depois, defendeu sua tese de doutoramento em 1929, intitulada “Contribuição ao Estudo das Rupturas e Luxações dos Meniscos Inter-articulares do Joelho”. Trabalhou com importantes nomes da Ortopedia Brasileira e eram todos discípulos de Luíz Manuel de Rezende Puech, que foi professor titular da cadeira de Clínica Ortopédica e Cirurgia Infantil na Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, assim sendo, teve proximidade com Domingos Define, Francisco Elias de Godoy Moreira, Renato da Costa Bonfim, Ivo Define Frascá, Álvaro Câmara, Ulysses Barbuda, Antônio Caio do Amaral, Antônio Rogério Longo, Anísio Figueiredo, Itapema Alves, dentre outros. Em 1931, na inauguração do Pavilhão Fernandinho Simonsen por Rezende Puech, estava lá presente. Em 1936 participou da fundação da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, a nossa SBOT, da qual é membro fundador. Foi também, membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, da Sociedade de Medicina Legal e Criminologia de São Paulo e da Associação Paulista de Medicina. Desenvolveu suas atividades profissionais no Pavilhão Fernandinho Simonsen da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e trabalhou também no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, além do seu consultório privado. Em março de 1938 tornou-se livre docente pela faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e menos de um ano depois concorreu em concurso público aberto à vaga da cátedra, após o falecimento do Professor Puech, em janeiro de 1939. Inscreveu-se no certame com a tese “Estudo Sobre Dôres Lombares” e apesar de muito jovem e do grande peso curricular e experiência de Domingos Define e do vencedor Francisco Elias de Godoy Moreira, conquistou o segundo lugar, pelo seu brilhantismo. Entre os anos de 1941 e 1945, foi o presidente da Regional São Paulo da SBOT e teve uma curta passagem pela chefia do Pavilhão Fernandinho, de 1967 a 1969, após a aposentadoria do Professor Define. Ficou por pouco tempo porque houvera uma reformulação trabalhista do Corpo Clínico da Santa Casa, em que se exigia dedicação integral e como todos que o conheceram sabiam de seu apreço pela liberdade, renunciou. Como disse Cláudio Santili no Jornal da SBOT, n 136-abr/mai-2018: “as mangas, delicada e elegantemente arregaçadas, deixavam transparecer o espírito livre e inventivo do professor” que “…viveu a ortopedia na sua plenitude liberal, quando criar era permitido, mas apenas aos privilegiados”. Era poliglota, falava inglês, espanhol, francês, alemão (teve governanta alemã) e russo. Apreciava a vida no campo e passava quase todo fim de semana em sua fazenda em Porto Feliz. Apreciava esportes, velejava na represa de Guarapiranga e montava na hípica, participando de concursos com obstáculos. Esportivo e arrojado, em 1940 importou dos USA um Chevrolet e em 1951, trouxe um moderno e elegante Studebaker, vermelho conversível. Em 1978, recebeu na Santa Casa de São Paulo o título de Professor Emérito. Era um grande cirurgião e abordava qualquer segmento do corpo humano, inclusive a coluna vertebral pelas vias anterior e posterior, o que à época era um enorme diferencial de distinção profissional. Como reconhecimento às suas habilidades cirúrgicas criou-se o Prêmio Anual de Anatomia no CBOT que é dedicado ao melhor trabalho julgado pela comissão científica do congresso. Muito inteligente e criativo deixou um legado de contribuições técnicas, a saber: Criou um sistema de fixação das fraturas e alongamento ósseo que era muito semelhante ao desenvolvido por Ilizarov. Lamentavelmente desestimulado devido a um acidente, por mau uso, segundo o Professor Hungria Filho. Desenhou e usou a primeira endoprótese brasileira customizada, não convencional. Feita de acrílico para substituir a metade distal do fêmur de um paciente, comprometido por sarcoma. Sua criação mais espetacular e de larga utilização na vida prática foi o Pino Parafuso de Orlando Pinto de Souza (o Sistema OPS). Desenvolvido em 1963, foi amplamente empregado nas fraturas proximais do fêmur. Um sistema de baixíssimo custo, extremamente simples no instrumental e na execução técnica, desde que respeitados os princípios. Permitia a mobilização muito precoce do paciente idoso e, muitas vezes, possibilitava a marcha no pós-operatório imediato, evitando graves complicações pós fraturas e até a morte. O pino parafuso de OPS salvou muita gente por esse Brasil afora. No final dos anos 1960 e início de 1970, desenvolveu uma “Prótese Total Fisiológica do Quadril”, sendo, portanto, um dos pioneiros da artroplastia total do quadril no Brasil. No escopo do seu desenvolvimento apresentou densa teoria biomecânica das forças que atuam na região do promontório e se propagam para o acetábulo, epífise, cabeça e cortical medial do fêmur, formando uma parábola. A prótese, que era não cimentada nos dois componentes, deveria ser colocada como parte integrada desta geometria, recebendo as forças naturais de pressão. Manteve-se ativo nas suas idas e vindas no Pavilhão, no consultório e como disse no Artigo “OPS like a fac símile” no Jornal SBOT, n 136; abr/mai; 2018: “Vindo da hípica, de súbito adentrava à reunião, com aquele sorriso largo e seguro, olhar arisco, sempre em busca d’algum caso interessante no negatoscópio …”. Eu tive o privilégio e a honra de conhecê-lo, com ele convivi e participei de cirurgias conduzidas por ele. Lamentavelmente, vítima de complicações após a retirada de cálculo renal, faleceu aos 75 anos, no dia 13 de fevereiro de 1982. Fontes Consultadas Guedes, Alex :A primeira e primorosa biografia de Orlando Pinto de Souza; site da SBOT Santili, Cláudio: Crônicas publicadas no Jornal do Pavilhão Fernandinho e no Jornal da SBOT n 136-abri/mai/2018. Paula Maria Pinto de Souza Nogueira: comunicação pessoal Hungria Filho JS: Memórias da Misericórdia. São Paulo; Artes Médicas; 2000. Ferreira Neto, Quirino: Poligrafia; Editora Mania de Livro;2001