Nascido em Nazaré da Mata, no Pernambuco, formou- se médico em 1919 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Foi designado professor de Pediatria Cirúrgica e Ortopédica em 1925. Passou três anos estudando nos maiores centros de ortopedia europeus, inclusive o Instituto Rizzoli, do professor Victorio Putti. Fez estágio em anatomia ao Instituto Biológico, em 1932. Conheceu Luiz Rezende Puech, no Pavilhão Fernandinho Simonsen, a quem convenceu criar a SBOT, em 1934. Exerceu a presidência entre 1939 e 1940. Conseguiu levar para Recife o lll Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia (CBOT), que presidiu em 1938. A “Secção Regional de Pernambuco” da SBOT já existia desde 1936. Fundou, no Recife, o primeiro serviço dedicado a tuberculose osteo- articular, o Sanatório Infantil para Tuberculose Cirúrgica. Era constantemente convidado a ser examinador de concursos e teses de doutorado por todo o país, “pela sua notável cultura e grande capacidade de argumentação”, conforme relata o amigo e discípulo Bruno Maia em registro histórico da SBOT. Também era chamado a fazer conferências em congressos nacionais e internacionais. É reconhecido por levar a especialidade a todo o território brasileiro. Publicou muito: livros, monografias, artigos em periódicos. A lista é enorme. Editou os Arquivos Brasileiros de Cirurgia e Ortopedia de 1932 a 1944, e nele publicou os anais do primeiro CBOT, em 1936. Preocupava-se com registro dos trabalhos apresentados pelos especialistas nessas reuniões. Doou sua grande biblioteca a Universidade Federal de Pernambuco. Tinha posição muito firme, e combatida pelos colegas, a respeito de como deveria ser conduzido o ensino da traumatologia no país. Barros Lima, que trabalhava em uma região distantes dos grandes e mais desenvolvidos centros de medicina brasileira, tinha por convicção que, se por um lado a ortopedia deveria firmar- se como especialidade, por outro a traumatologia deveria estar ao alcance de qualquer cirurgião, e não apenas do cirurgião ortopédico. Assim, esse saber estaria a disposição de qualquer paciente acidentado, especialmente nas áreas menos providas de especialistas. Nunca abandonou a cirurgia geral. Até o fim da vida, realizou diversos discursos polêmicos sobre as fronteiras da especialidade, e chegou a pedir desligamento da SBOT em duas oportunidades, em 1944 e 1958, devido a divergências a esse respeito. Em 1947, resignou -se do cargo de professor de Ortopedia para tornar -se professor de Cirurgia da Universidade do Pernambuco. Em 1958, escreveu carta a SBOT em tom de revolta pelo fato de ter sido cancelada a inscrição de temas livres nos CBOTs, o que impedia que colegas de outras especialidades, como anatomia, bacteriologia ou mesmo cirurgia geral, de apresentar trabalhos. Apenas professores de cátedras “com o rotulo de Ortopedia”, como escreveu, poderiam expor seus estudos. Além de repercussões nacionais, seu protesto rendeu resultados: os temas livres voltaram aos programas dos CBOTS. A pedido de Domingos Define, Barros Lima voltou a Sociedade. Barros Lima defendia que, aos ortopedistas, especialmente os da região Norte do país, devia ser dado o direito de exercer outras especialidades e ameaçava desligar-se da SBOT. Mais uma vez, os colegas lhe deram razão e o convenceram a voltar ao seio da SBOT.