Foi no mesmo XVII Congresso da SBOT em Brasília no ano de 1969, presidido pelo Dr. Geraldo Pedra, que pela 1ª vez fui relator de um tema oficial: – LEGG- PERTHES.
Foi uma indicação do Dr. Gastão Velloso, então presidente da SBOT, e hoje meu patrono na Academia Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.
Foi com essa feliz coincidência que eu me sentei ao lado de Claudio Borges e José Ramiro Madeira, compondo a mesa dos relatores do tema Legg-Calvé-Perthes, juntamente com os correlatores Vitor Cezar e Claudio Vilela Pedras
Em certas horas de grande emoção, às vezes, eu escapo da realidade e vagueio em reminiscências e vislumbres.
Tal, foi o que me aconteceu ao ver esse retrato e ter essa recordação:- eu me vi indo de trem de ferro para o Rio de Janeiro, acompanhado de meu pai – eu tinha só dez anos de idade. Fui para um internato de um colégio jesuíta, visando uma formação escolar de alto nível e que viesse a culminar com minha consagração como um religioso.
Fiquei nesse internato por longos 8 anos. Sofri muito, mas tirei o maior proveito. Aprendi línguas, viajei pela Europa em 1950 com apenas 17anos de idade. Pratiquei muitos esportes e me dediquei à música. Mas o principal foi que aprendi a estudar e ter presença constante nas bibliotecas e nos centros de estudo de literatura e artes. No final, vi que minha verdadeira vocação era ser Médico e Professor Universitário e não um religioso.
Nasci em Belo Horizonte em 07.11.33, e sou professor aposentado na Faculdade de Medicina da UFMG, pela qual me formei em 1958.
A minha carreira universitária, de início evoluiu muito rápida e, logo em 1960 fui admitido como Instrutor de Ensino Superior e em 1966 enquadrado como Professor Assistente. Já o concurso para Prof. Adjunto só foi marcado em março de 1974.
Nesse concurso fui acompanhado e concorri com mais dois outros colegas do Departamento e fui classificado em 1º lugar. A Banca examinadora foi composta pelos Professores: – Dr. Donato D’ ngelo, Dr. Dagmar Aderaldo Chaves e Dr. João Albano Nova Monteiro, tendo como presidente da mesa, o Professor Dr. João Batista de Resende Alves da UFMG.
Inexplicavelmente só em maio de 1976, dois anos após o concurso, é que ocorreu a homologação, depois de desgastante cobrança pela efetivação.
Já havia no Departamento um clima de insegurança, que culminou com a atitude consentida, de uma permuta da vaga de Professor Titular, por alguns Professores Assistentes. E o Departamento de Ortopedia se transformou em uma Disciplina da Cirurgia Geral.
Se os fatos anteriormente descritos produziram decepção, noutro viés as portas se abriram, permitindo um contingenciamento de tempo na faculdade, que liberou disponibilidade para desenvolvimento e satisfação pessoal. Assim, alguns colegas se agregaram para constituir o Hospital Ortopédico, sonho de três Professores: – Dr. José Márcio G. de Souza, Dr. Arlindo G. Pardini e Dr. Marcelo J. Magalhães. Eles se uniram a outros colegas para criar uma instituição hospitalar que tivesse ambiente de estudo, compromisso com os pacientes e educação programada de residência e de extensão em áreas específicas da Ortopedia e da Traumatologia.
E assim felizes, estamos até hoje, unidos no bem fazer da profissão, solidários numa amizade fraterna e, continuando a sonhar com novas realizações.
Por falar em realizações “a menina dos meus olhos” sempre foi a Revista Brasileira de Ortopedia, órgão oficial da SBOT. Trabalhei muito por ela. Fui seu refundador, editor e diretor, (com atribuição de prover os recursos necessários para sua publicação) até sua transferência para as mãos do grande Patrono Editorial da RBO – DR. DONATO D’ NGELO – mas, eu continuei a ser por longo tempo, seu “escudeiro de apoio”.
A SBOT foi minha casa por vários anos, pois eu viajava para São Paulo quase todo fim de semana.
Entrei para a SBOT e fui aprovado pela Comissão Executiva em 09.06.1965.
Trabalhei na Comissão de Congressos: – o de Belo Horizonte e o de Brasília.
Fui eleito para a Comissão Executiva em 26 de setembro de 1969 e participei de várias comissões.
Na Comissão Especial de Informática, atuei nos programas de Apoio Editorial da RBO e, na Tesouraria com o – Programa de Controle de Anuidades, além do SCAO: – Serviço Computadorizado de Apoio ao Ortopedista.
Fui membro da Comissão de Ensino Continuado – nos primórdios da CEC – concretizando a vinda dos audiovisuais da AAOS para a SBOT, coordenando a tradução dos vídeos, além de gravar o audiovisual nº37.
Coordenei o Seminário dos Presidentes das Regionais-SBOT em 06.07.1968, berço da criação da CET.
Mas, o que me deu mais trabalho mesmo, foi ter sido por quatro anos seguidos, 1º Tesoureiro da SBOT, numa época difícil, quando imperava o “overnight. Tesoureiro da SBOT em Park Ridge – Illinois, E assim, com muito orgulho, fui eleito para ser Acadêmico Fundador da ACADEMIA BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA. Alguém, um dia, me perguntou se tudo isso valeu a pena, e se essa canseira toda… e eu respondi: – Você gosta do doce mineiro chamado – “quindim”? – pois é, – eu adoro.