Nasci em Curitiba, no dia 31 de Outubro de 1937, onde morava em frente ao Hospital de Crianças Cesar Pernetta.
Prestei o vestibular para Medicina, que era meu sonho profissional na Universidade Federal do Paraná. Tempos difíceis, pois passávamos por dificuldades financeiras.
Precisava trabalhar para me sustentar e graças a Deus, um colega da escola e da faculdade me alertou que seu pai, o Dr. Olival Leitão, precisava de alguém no Acordo Florestal do Ministério da Agricultura no Paraná. Precisava de alguém que cuidasse da Educação, fui aceito. Desenvolvi esse trabalho por 6 anos, onde tentei dar o meu melhor, justamente por agradecimento ao Dr. Olival. Deveria ser bom por merecer essa ajuda e pude assim estudar e me dedicar.
Durante o curso de medicina, entrei no Hospital de Crianças César Pernetta no segundo ano, me aproximando assim do serviço de ortopedia deste hospital, que era da UFPR, onde fui muito bem recebido. Imagine você dentro da escola e participando já do serviço, pelo menos 3 dias por semana, da especialidade que já tinha escolhido para meu futuro. Nasci dentro da ortopedia, entrei ajudando o Prof. Heinz Rücker em cirurgias como instrumentador no terceiro ano e comecei ali realmente a minha formação, sendo que no sexto ano, algum procedimento já podia fazer.
O primeiro trabalho científico foi no sexto ano: “100 casos de tuberculose osteoarticular”. Apresentado acho que no primeiro e único congresso científico da UNE, em Santa Maria RS.
No sexto ano, no segundo semestre, o Professor Rücker convidou seis colegas que iriam para a ortopedia para um almoço e comentou que precisaria na Universidade de alguém que se dedicasse a cirurgia da mão e perguntou aos seis se alguém gostaria de se dedicar e eu vi que seria interessante e fui o único. Eu entraria para um serviço universitário e seria professor. Passei então a ajudar um cirurgião plástico que operava lesões congênitas, era o ano de 1961. Oba!. Em 1962 fiz um ano de ortopedia em tempo integral no Hospital de Clínicas da UFPR que foi inaugurado justamente em julho de 1961. Fiquei no serviço e o professor me arranjou um plantão na emergência do hospital, dois domingos por mês.
Ótimo! E foi lá que me aproximei da Therezinha Preuss, irmã do Prof. Osny Preuss, pois ela tinha sido contratada para fazer Terapia Ocupacional, tendo sido formada pela USP. Foi um bom encontro, com quem me casei e que já dura 58 anos. Sou um Felizardo. A Therezinha depois de 10 anos da Profissão quis se dedicar aos filhos pequenos, queria ser Mãe e eu não mais precisei me preocupar com a casa e me deixou livre para me dedicar a vida profissional.
O Prof. Rücker conseguiu um estágio de Cirurgia da Mão em 1963 em São Paulo com o Professor Lauro Barros de Abreu na USP, antiga COT. Foi um ano formidável e de muitas histórias. O Diretor era o Prof. Flavio Pires de Camargo.
O que me lembro bem desta época de bolsista, é da primeira cirurgia com o Prof. Lauro, que era um enxerto de tendão e como já tinha ajudado o Prof. Rucker fazendo enxerto, fui fazer uma pergunta ao professor. Ele não respondeu e disse: não me pergunte nada e depois da cirurgia me acompanhe”. Terminou a cirurgia, cujo centro cirúrgico ficava no quinto andar, e descemos até o terceiro, onde ficava a biblioteca. Entramos, ele foi até a estante, pegou o volume do Boyes, que virou editor do livro do Bunnell, pegou um segundo que era de trauma e acidentes de trabalho, Ranke&Wakefield e disse: “…leia esses livros primeiro e depois me pergunte, até lá eu explico”. Levei dois meses e meio para ler e nunca fiz perguntas inúteis. Aprendi.
Voltando da residência permaneci no HC-UFPR e no Hospital de Crianças Cesar Pernetta como continuidade de meu trabalho na universidade. Virei Chefe do serviço. Segundo serviço de residência do Estado. A residência do HC do Prof. Rucker foi a primeira.
Entrei para a SBOT em 1968.
Fui Diretor do Hospital de Crianças em 1974.
Membro do CRM-PR por 10 anos. Presidente do Conselho Regional de Medicina do PR de março de 1986 a outubro de 1988.
Membro do Conselho Federal de Medicina por 10 anos e Vice- Presidente do CFM.
Participei do SIRTO, (Sistema Integrado de Traumatologia e Ortopedia) câmara técnica do Ministério da Saúde e Ministério da Previdência e Assistência Social, que deu a origem a criação doresgate. Uma Câmara Técnica que conversava com os Ministérios responsáveis.
Participei da criação do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (SIATE) no Pré-Hospitalar em Curitiba e que se tornou modelo para o País.
Participei da criação do Hospital do Trabalhador pela Universidade Federal do Paraná. Fui diretor do Hospital de Clínicas-UFPR.
Secretário Estadual de Saúde do Estado do Paraná e Presidente do Conselho Estadual de Saúde.
Participei do Grupo Mercosul de médicos pelo CFM e depois pelo próprio MS.
Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da mão em 1978.
Presidente das Comissões de Ensino e Treinamento e Presidente da Comissão de Educação Continuada da SBOT
Presidente da SBOT em 1999, último presidente com dois anos de gestão. Foram anos de conhecimento da especialidade, visitando os estados com um programa de educação continuada muito prático.
Trabalhos apresentados em Congressos. E teses. A primeira em 1976, Docência livre “Traumatismos do membro superior com lesão dos grandes nervos”. Em 1985 “Luxação Congênita do Joelho” para Professor Titular da PUC-PR. Em 1990 “Lesão do Plexo Braquial Estudo Retrospectivo de 120 casos”, que me alçou ao cargo de Professor Titular e Membro do Conselho Universitário da UFPR, representando os Professores Titulares até a minha aposentadoria aos 70 anos.
Chefe da Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Crianças Cesar Pernetta e Hospital XV. Diretor do Hospital XV.
Criação da primeira Residência de Cirurgia da Mão no Paraná uma das primeiras do País.
Representando a SBOT na política Médica, participei da criação do IBDM (instituto Brasil de Medicina) em 2018 e fui seu primeiro coordenador.
Aprendi com um Professor de Pediatria da PUC-PR, no Hospital César Pernetta, que você pode querer ciência e política, mas nunca abandone seus pacientes. “Seja médico em primeiro lugar.”
Fui agraciado pela sociedade internacional de Cirurgia da Mão por indicação da nacional como Pioneiro em Cirurgia da Mão.
Na produção cientifica, realizei trabalhos como as lesões dos nervos periféricos, na Paralisia Obstétrica, lesões dos tendões flexores, acesso anterior ao cotovelo na fratura supra condiliana umeral na criança. Trabalhos no tratamento da doença de Kienbock, etc.
Em todos os meus 61 anos de Medicina sempre tive cuidados na formação dos estudantes de medicina, dos residentes do Hospital de Clínicas, do Hospital de Crianças, do Hospital XV. Centenas passaram por minhas mãos.
Finalizo dizendo que fui e sou um PROFESSOR preocupado com a Formação Acadêmica e Profissional.